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Entrevista com os paranaenses da Família Gardpam | Blog ‘A Arte na Rua’

O grafiteiro Gardenal (Fernando Ferlin), da Família Gardpam, encontra-se em Salvador, acompanhado da mulher Pamela e das filhas Natália, 3 e Iza, um aninho, depois de passar por 12 estados brasileiros e os países da Argentina e Paraguai, com o objetivo de conhecer a pichação, o grafite e as diferenças de costumes e cultura de cada um desses lugares. Conforme explicou Gadernal, “a viagem tem permitido a gente realizar um excelente intercâmbio com diversos artistas e reunir um valioso material”.


(E) Pamela, Been, Theip, Notem e Gardenal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Gardenal, que é natural de Colombo (PR), cidade da Região Metropolitana de Curitiba, 26, adotou o nome artístico Família Gardpam, formado pela palavra “Gard” acrescido de “pam”, letras iniciais de Pamela, nome da sua mulher. Ele concedeu essa entrevista ao blog A Arte na Rua, na última quinta-feira (17.9), durante a pintura de um painel com os artistas Notem (SMC), Been (SNE) e Theip (DPV/Oclan), em frente à praia de São Tomé de Paripe, subúrbio de Salvador. Confira, também, no final da entrevista, o bate-papo com Pamela Ferlin, Notem, Been e Theip:

A Arte na Rua – Qual a sua formação?

Gardenal – Cursei até o segundo ano do curso de Terapia Ocupacional em Saúde na Universidade do Paraná. Depois não dei continuidade.

AAR – Qual o significado da sua tag?

Gardenal – É o meu apelido de infância. Eu tinha ataques epiléticos que eram controlados com uma medicação muito forte. Então uns engraçadinhos resolveram me apelidar de Gardenal (risos). Ai pegou…

AAR – Há quanto tempo você está na cena?

Gardenal – Eu e minha esposa Pamela, estamos pintando juntos faz muito pouco tempo. Em novembro deste ano, vamos completar três anos.

AAR – Sua mulher também é artista de rua?

Gardenal – Do primeiro grafite até agora (referiu-se à pintura em São Tomé de Paripe), sempre juntos.

AAR – Quando se deu o início?

Gardenal – Final de 2012.

AAR – Como foi sua trajetória? Passou pela pichação?

Gardenal – Com certeza! Como a grande maioria, comecei pichando. Mas não peguei muito gosto. Fiquei um bom tempo parado. Depois que casei e por gostarmos de desenhar, a gente sentiu a necessidade de fazer alguma atividade que pudéssemos realizar juntos nos fins de semana. Então a gente juntou a vontade e começamos a grafitar. Fizemos o primeiro rolê com uns vizinhos. Eu, minha mulher e nossa filha Natália, que na época, ainda ia fazer um ano de vida.

AAR – Recorda-se quando foi o primeiro picho?

Gardpam – O primeiro risco aconteceu na escola. Rabiscava nas carteiras, nas paredes… Gostava de admirar as pichações da minha cidade, os grafites também…

AAR – Você se inspirou em algum pichador?

Gardenal – Na verdade admirava muito a cena da pichação e do grafite. Mas não me inspirei em ninguém da cena de Curitiba. Gostava muito, mas como admirador.

AAR – Você faz parte de alguma Crew?

Gardenal – Faço parte da Crew Um Grau Acima, que é lá de Colombos. É uma crew que participa de todos os segmentos: grafites, bombs, grapicho e pichação.

AAR – Com é a cena na sua cidade? Vocês tem liberdade de expressão ou são proibidos pelos poderes públicos?

Gardenal – Cara! Lá no estado do Paraná e em Curitiba principalmente, que é a principal cidade e onde a gente mais pinta, é muito complicado. É difícil pra pintar em comparação com outros lugares que a gente está conhecendo no Brasil. Lá, o grafiteiro que for pego fazendo uma intervenção sem autorização paga uma multa de R$1.500,00. Além de pagar, ainda vai preso. Não tem como fugir. Tem muita repressão na minha cidade. O grafite em Curitiba, ainda é visto como vandalismo. As pessoas não sabem diferenciar o grafite de uma pichação. E é bem difícil. Mas, sempre tem aquelas pessoas com a mente mais aberta que conseguem ver por outro lado e gostam.

AAR – Nessa viagem que você está realizando, incluindo a sua passagem pela cidade do Salvador, você percebe que os artistas tem mais liberdade de atuação?

Gardenal – Sinto que tem mais liberdade. Inclusive, em todo o nordeste, eu percebi que tem um espaço muito bom para o grafiteiro, apesar do preço das tintas aqui ser muito mais caro. Mas, mesmo assim, eu senti um pouco mais de liberdade e facilidade, principalmente dos moradores, das autoridades. E tem muito muro pra pintar.

AAR – Nesse tour pelo Brasil, quais foram os estados que visitou?

Gardenal – Com a Bahia, já são 13 estados, mais os países de Argentina e Paraguai. A gente iniciou pelo Mato Grosso do Sul, depois Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia…

AAR – Quais os resultados você aponta como válidos dessa viagem?

Gardenal – Os intercâmbios com vários artistas. Por sinal, tenho encontrado muita gente boa, conhecendo a cena e a diferença de cada lugar, como por exemplo, no picho, no grafite, nos costumes, na cultura…

AAR – O quê você pretende fazer com esse material que está reunindo? Você já tem algum projeto em mente quando retornar?

Gardenal – A gente está anotando tudo. Onde a gente passa, fotografa e faz um vídeo também. Provavelmente a gente deve escrever um livro quando voltarmos a Curitiba. É pensamento também fazer uma exposição com o material que a gente tem reunido, como: camisetas, quadros, stickers…

AAR – Qual é o seu estilo?

Gardenal – Como a gente ainda é uma criança (risos) no mundo do grafite, ainda não tem um estilo definido. Atacamos de todos os lados: wild style, personagens, try up

AAR – O personagem tem nome?

Gardenal – Não tem nome. A criação é feita na hora. Às vezes, a gente desenha animais (peixes, macacos, pássaros) e pessoas.

AAR – Quais são os seus contatos?

Gardenal – No Instagram pode ser através de gardpam; Facebook é a mesma coisa, separando gard pam e; e-mail fernandoferlin@hotmail.com.

AAR – Deixe uma mensagem?

Gardenal – Gostaria de dizer nesse momento que está tudo muito difícil no país, muita coisa acontecendo, muito sentimento difícil de segurar. A gente deve ter um pouco de paciência e unir força para ajudar os irmãos que estão precisando. Sempre tem alguém que precisa mais do que a gente. Então vamos se unir. Unindo o país, a gente vai conseguir melhorar muito mais. Mas com muito amor.

Pamela Talamini Ferlin da Família Gardpam

AAR – Quantos anos e qual é a sua cidade?

Pamela – Tenho 22 anos e nasci em Colombo.

AAR – Você também iniciou pela pichação?

Pamela – Não. Mas sempre gostei do grafite.

AAR – Qual a sua opinião sobre a viagem que vocês estão realizando?

Pamela – Em relação ao grafite dá pra ver bastantes estilos diferentes, conhecer pessoas que gostam de pintar, poder ter uma ideia além do que a gente consegue ver através do muro.

AAR – Como você avalia a cidade do Salvador em relação as outras capitais que vocês visitaram?

Pamela – Salvador foi uma coisa muito doida. É a primeira vez que venho e achei muito diferente. Casa, praia, é uma realidade bem diferente de Curitiba. Eu estou gostando bastante daqui, e acredito que vamos passar mais tempo do que o previsto.

 

Notem (bermuda cinza)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Grafiteiro Notem, da SMC – Sub Mundo Crew

AAR – Qual foi a proposta do trabalho para a interação com a Família Gardpam?

Notem – A ideia foi de se reunir com o colega do Paraná pra fazer um painel com a participação dos amigos Theip e Been. Também, desfrutar de um dia de lazer e mostrar um pouco da cidade aos visitantes.

Been (Keison Gabriel), grafiteiro da Crew SNE – Sempre Na Evolução

AAR – Seu nome artístico tem alguma semelhança com o seriado Mr. Been?

Been – Nenhuma semelhança. Na verdade foi uma junção de um nome. Eu queria entrar para o grafite e escolhi o nome Beens. Mas, a pessoa com quem eu estava aprendendo a fazer letras, fez a base que repeti sem o “s” no final. Então mantive o nome.

AAR – A SNE Crew é de Salvador?

Been – A SNE Crew começou aqui em Salvador com o grafiteiro Fozi, expandiu o espaço e já tem adeptos de toda parte do país, devido a sua ideologia de evolução.

AAR – Qual a sua opinião sobre essa interação?

Been – Estamos desenvolvendo um painel bem legal. Criei um personagem que ficasse bem na tela. Com o esboço das letras e no espaço que ficou disponível, eu pensei a melhor forma de criar um personagem. Quem olhar vai ter a impressão de que o personagem está com as letras abraçando sob o colo.

AAR – Quanto tempo já na cena?

Been – O início foi a pintar de 2007, grafitando na cidade. Antes só pintava no bairro de Cajazeiras. Retornei à cena em setembro do ano passado, dedicando-me a fazer grafites em Salvador.

Theip (Alisson Santos), grafiteiro da DPV Crew – Defensores do Protótipo Vicioso e da Oclan – O Criador Liberta Atitude Nossa

AAR – Qual o significado de sua assinatura?

Theip – Na verdade é um vulgo e não tem significado por letra. Eu criei entre o final de 99 e o início de 2000, quando comecei na cena e utilizá-la como minha assinatura nos grafites.

AAR – Você pode definir o seu estilo?

Theip – Eu já fiz personagem, mas sou adepto de letras de fácil entendimento. Não chega a ser wild style que é um estilo mais agressivo, mais complicado de entender aos olhos de quem visualiza. Eu costumo dizer que são de letras de piercing.

AAR – Sua opinião a respeito da interação?

Theip – Acho muito importante. Hoje em dia, o grafite não é mais um compromisso de ter que pintar por divulgação. Hoje é mais uma diversão, é uma oportunidade de rever amigos, frequentar lugares… Às vezes, locais que a gente nunca foi vai através do grafite.

(Fotos: byJFParanaguá. Denuncie abusos. Direitos reservados).

Fonte: http://www.aartenarua.com.br/blog/entrevista-com-os-paranaenses-da-familia-gardpam/

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